by Mauro Mello
O autor de “The Five Dysfunctions of a Team” – Patrick Lencioni – é nosso Übber-Guru, na Table Partners. O inspirador para a criação da empresa. “The Five Dysfunctions” é seu livro mais famoso – 18 meses na lista dos mais vendidos da revista BusinessWeek – e o que contém algumas de suas idéiais mais originais.
Há muito tempo os consultores e pesquisadores de administração sabem que o desempenho das organizações depende muito da dinâmica da equipe de liderança: uma liderança inteligente e bem coordenada, que funciona como um time, conduz a organização ao sucesso sustentável; um grupo dominado por conflitos, inseguranças e rivalidades paralisa o progresso da organização e, muitas vezes, a conduz à ruína. Um exemplo bem conhecido no Brasil foi a BRA Linhas Aéreas, destruída pelo conflito entre seus acionistas.
O que não se sabia, até a publicação do “Five Dysfunctions” era: como promover a transformação do grupo de liderança em um time eficaz? As abordagens tradicionais, baseadas em exercícios de ‘team-building’ – retiros esportivos, sessões de confraternização e outros “psicologismos” – ficaram famosas, tanto por sua ineficácia como pelo embaraço que provocavam aos participantes (e por algumas carreiras que destruíram).
O ‘break-through‘ de Patrick Lencioni consiste em três percepções inovadoras:
- Trabalhar em time não é uma escolha; é uma disciplina. Como toda disciplina, a capacidade de trabalhar em time precisa ser aprendida, para ser praticada.
– - A disciplina de trabalho em time não é ensinada em nenhuma etapa de nossas vidas: nossas famílias não nos ensinam a trabalhar em time, nem as escolas, nem as faculdades (trabalhos escolares em grupo, em geral nos ensinam como fingir e como é frustrante tentar e, sistematicamente, não conseguir produzir um trabalho em time), nem as empresas durante nossas carreiras.
Carreiras costumam ser construídas sobre desempenhos individuais e competitividade – até que o executivo chega ao time de gestão quando, subitamente, é chamado a colaborar com seus pares.
– - A única forma de ensinar times sêniores, de gestores, a trabalhar em time é ‘on-the-job’, no dia-a-dia de seu trabalho de liderança da organização e de interação, uns com os outros.
Mas como treinar executivos tão sêniores, durante seu trabalho?! Como participar do dia-a-dia dos dirigentes de uma grande organização?
Lencioni apresenta duas opções. Ou você é o CEO da organização, sabe como transformar um grupo de diretores em um time eficaz e dedica-se a treinar a sua equipe na disciplina de trabalho em time; ou você é um agente de mudança (em geral um consultor) e realiza esse treinamento através de um projeto importante para toda a organização, que envolva todas as áreas.
“The Five Dysfunctions” é uma narrativa do primeiro cenário. Através da história de uma CEO recém-chegada a uma empresa de alta-tecnologia do Silicon Valley, que encontra uma equipe de executivos altamente disfuncional, Lencioni apresenta a sequência de cinco passos que um líder precisa percorrer, para transformar sua equipe em um time eficaz.
Esses passos são:
- Desenvolver a confiança entre os membros do grupo. Lencioni define “confiança” como a capacidade de mostrar-se vulnerável aos colegas do time. Se eu não me importo de reconhecer, para meus colegas, que cometi um erro ou que não tenho resposta para um problema, é porque eu tenho confiança neles. Eles não querem “a minha cabeça”; pelo contrário, estão comprometidos com os mesmos objetivos que eu.
– - Eliminar o medo de conflitos. Ninguém se sente confortável em conflitar, confrontar ou cobrar um colega. Se um grupo não domina as habilidades de conflitar sem inviabilizar as relações entre os membros – de discutir e, mesmo assim, preservar a confiança entre os membros – ele não conflitará. Sem terem brigado por suas idéias e pontos de vista, os membros não se comprometem com as decisões tomadas no grupo e o resultado é um time que não funciona (disfuncional). O papel do CEO é exigir que os membros de sua equipe defendam seus pontos de vista e aportar ao time as habilidades de conflitar sem destruir a relação de confiança mútua.
– - Promover uma cultura de compromisso com as decisões. Garantir que, ao final das reuniões, todos têm o mesmo entendimento do que foi combinado e do que se espera de cada um. Desenvolver uma mentalidade de “comprometimento, mesmo que discordando”, quando o time houver tomado uma decisão.
– - Criar a disciplina de ‘accountability‘. Rever regularmente desempenhos e resultados, em relação aos objetivos e compromissos. Exigir de todos os diretores, que cobrem-se mutuamente, quando necessário, ao inves de deixar para o CEO o papel de único cobrador de compromissos.
– - Focar nos resultados. Manter o time focado nos resultados e metas tangíveis estabelecidos. Premiar a equipe de liderança com base no atingimento das metas de toda a organização.
“The Five Dysfunctions” conta, primeiro, uma história – ágil, rápida, interessante, cativante. Depois, numa curta seção final, elabora os conceitos que o leitor viu a CEO-protagonista empregar.
Por experiência pessoal nós, da Table Partners, sabemos que “The Five Dysfunctions” não é somente uma leitura que funciona. É uma leitura potencialmente transformadora de como você vê o seu papel na sua organização e na sociedade em que vivemos.