Há muitas razões pelas quais a sucessão do empresário para uma nova geração ou para um executivo profissional pode dar certo ou errado. Quase todas elas, contudo, estão ligadas ao grau de preparo e de clareza mental com que o empresário embarca nesta difícil iniciativa.
É muito comum, por exemplo, vermos empresários revitalizados e mal-disfarçadamente felizes por serem “obrigados” a retornar à frente do negócio, porque seu sucessor não correspondeu às expectativas.
Algumas dessas expectativas supostamente frustradas, encontram justificativa em preocupações que, à primeira vista, parecem razoáveis mas, na verdade, são distrações de outras mais legítimas e importantes.
Eis três exemplos que, na Table Partners, encontramos com frequência:
“Quero perpetuar o negócio”
Alguns negócios de fato têm uma vida excepcionalmente longa, em uma mesma família, mas isto é obra e prerrogativa de todas as diferentes gerações, não do líder de uma particular geração.
Outros negócios perpetuam-se, mesmo depois de não pertencerem mais às famílias fundadoras.
Perpetuar o negócio, por si só, é uma preocupação irrealista – porque vai além da capacidade do indivíduo – e prejudicial à clareza do processo sucessório, especialmente quando ele ocorre dentro da família.
No lugar dela, propomos a seguinte preocupação, que pode gerar ações positivas para a sucessão e – veja só! – até mesmo para a perpetuação do negócio (não que alguém esteja preocupado com isso):
Quero que o negócio seja um fator de união, identidade e satisfação
da família, não de rupturas e sacrifícios
“Quero que as coisas sejam feitas direito”
Essa preocupação é uma verdadeira fábrica de “cascas de banana” para quem está na difícil posição de suceder um empresário de sucesso.
O que significa “fazer direito”?
Para a maioria das pessoas, significa “fazer como eu faria, nesta situação”.
Implícito nessa preocupação há uma expectativa irrealista de que o sucessor seja um “clone psicológico” do antecessor – decida sempre da mesma forma que o antecessor decidiria. Como ninguém – nem mesmo gêmeos, muito menos filhos ou executivos – é “clone psicológico” de ninguém, essa expectativa é garantia de frustração.
Ao aceitar um sucessor, aceite que ele frequentemente tomará decisões diferentes das suas.
No lugar desta preocupação, sugerimos uma preocupação mais legítima, especialmente no adverso ambiente regulatório e tributário brasileiro:
Quero que minha família e meus sucessores estejam protegidos de
riscos financeiros e pratrimoniais provenientes do negócio
“Minha ajuda é necessária”
Salvo raríssimas exceções, a preocupação legítima e pessoal, por trás desta “falsa” preocupação é:
Quero me sentir produtivo,
mesmo não estando mais envolvido no dia-a-dia do negócio
Esta é uma preocupação legítima e saudável que, bem endereçada, abre novos caminhos de realização para o empresário, sua família, seu sucessor e, muitas vezes, até para a sociedade.
Que outras preocupações você sugeriria que fossem substituídas, na mente do empresário que pensa em sucessão?